Professor: Karla Daniela Silva Kitzberger Disciplina: Filosofia Turma: 3° A, B, C e D

Professor: Karla Daniela Silva Kitzberger
Disciplina: Filosofia Turma: 3° A, B, C e D

Unidade Temática: O preconceito em relação à Filosofia
HABILIDADES:
1. Relacionar informações, representadas de diferentes formas, e conhecimentos disponíveis em
diferentes situações, para construir argumentação consistente.
2. Identificar situações de preconceito, particularmente em relação à Filosofia e aos filósofos.
3. Reconhecer a dimensão política desse preconceito e posicionar-se diante dele.

Atividade 1:
Para iniciar os estudos sobre o tema responda as questões abaixo:
1. Você se considera preconceituoso em relação a alguma coisa? Argumente
2. E em relação à Filosofia? Justifique.

Atividade 2:

Sócrates: aquele que vive nas nuvens

Outra célebre vítima do preconceito e da intolerância contra a Filosofia foi Sócrates. E neste caso as
consequências foram muito mais sérias, visto que o levaram à morte.
Na realidade, não há uma imagem única de Sócrates. Isso porque todas as informações que temos
dele nos chegaram por testemunhos indiretos, já que ele mesmo nada escreveu. Assim, enquanto
seus amigos, admiradores e discípulos, como Xenofonte e Platão, o viam como sábio, patriota,
respeitador das leis e da religião, piedoso, justo, valoroso como guerreiro nas batalhas etc., seus
críticos o retratavam como uma pessoa esquisita, deslocada, excêntrica, charlatã, corruptora de
jovens e ímpia.
Entre todos os críticos de Sócrates destacamos Aristófanes, dramaturgo grego, conservador e
satírico que escreveu As nuvens, comédia que ridicularizava a figura de Sócrates.
Neste texto, aparece um Sócrates “se movendo livremente, proclamando que caminhava no ar e
dizendo uma plêiade de outras tolices” das quais não entende nada. É um Sócrates mestre dos
sofistas, isto é, charlatão, enganador e que ensinava às pessoas a arte desse engano. Aliás, essa
imagem dos sofistas também era, em boa medida, preconceituosa. Na peça de Aristófanes, ele
surge em cena empoleirado em uma cesta suspensa no ar, significando que ele vivia nas alturas,
preocupado com questões de cosmologia e de astronomia (movimento dos astros, origem do

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universo etc.), ou com assuntos sem a menor relevância, como a medida do pulo de uma pulga, ou
se o zumbido de um mosquito é produzido por sua tromba ou seu traseiro, ficando totalmente alheio
aos problemas realmente importantes da vida dos cidadãos de Atenas. A certa altura, um dos
discípulos conta que, certa vez, “uma lagartixa atrapalhou uma indagação transcendental” de
Sócrates. Isso aconteceu, segundo o relato, quando ele “observava a Lua para estudar o curso e as
evoluções dela, no momento em que ele olhava de boca aberta para o céu, do alto do teto uma
lagartixa noturna, dessas pintadas, defecou na boca dele”.
Essa imagem depreciativa e até cômica de Sócrates provavelmente revela a ideia que a maioria das
pessoas tinha a respeito dele e dos filósofos em geral. No entanto, é uma imagem bastante
distorcida. Na realidade, Sócrates e os sofistas inauguraram um novo período na história da Filosofia
em que a reflexão filosófica se deslocou da cosmologia e da física (princípio que dá origem a todas
as coisas) para as questões relativas à vida concreta na cidade (pólis), isto é, à política, à ética, ao
conhecimento. Entre os temas abordados por Sócrates, podemos elencar a justiça, a beleza, a
coragem, o amor, a educação, entre outros. Convém destacar que o que mais chamava atenção,
para além do tema em debate, era a forma como o filósofo abordava o assunto.
Além disso, no que se refere aos sofistas, Sócrates tinha, certamente, muito mais diferenças e
mesmo divergências com eles do que semelhanças. Enquanto os sofistas se apresentavam como
sábios, isto é, pessoas entendidas em diversos assuntos, especialmente na técnica da retórica,
Sócrates dizia: “Sei que nada sei”; enquanto os sofistas cobravam pelos ensinamentos que
ministravam, Sócrates condenava essa prática e filosofava com as pessoas gratuitamente na praça
(ágora) de Atenas; enquanto os sofistas eram céticos em relação à possibilidade de se conhecer a
verdade universal, Sócrates a perseguia incansavelmente; enquanto os sofistas contentavam-se
com a opinião (doxa), Sócrates exigia o saber verdadeiro (episteme).
A respeito dos sofistas, diz Sócrates ironicamente por ocasião de seu julgamento: “Cada um desses
homens [...] é capaz de dirigir-se a qualquer cidade e persuadir os jovens, os quais podem se
associar, segundo queiram, com qualquer de seus concidadãos sem pagar, a deixar a companhia
dessa pessoa para se juntarem a ele, remunerá-lo e, além disso, mostrar-lhe gratidão”4 .
Vemos, assim, que a imagem de Sócrates traçada por Aristófanes, procurando retratá-lo como
alguém que anda nas nuvens, preocupado com assuntos alheios ao cotidiano das pessoas e
identificado com os sofistas, não corresponde à verdade sobre ele. Ao contrário, baseia-se em um
preconceito, a exemplo do que ocorrera com a anedota sobre Tales.
É interessante observar que em seu julgamento Sócrates fez menção à comédia de Aristófanes (As
nuvens) como um dos fatores que provocaram as acusações contra ele.
(Elaborado especialmente para o São Paulo faz escola)

Responda:

1. A comédia e o humor podem ser formas de propagação de preconceitos? Justifique
sua resposta e, se possível, dê exemplos.

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2. Essas formas de manifestação artística e cultural são importantes para a democracia?
Justifique
3. Você vê alguma semelhança entre o papel da comédia no tempo de Sócrates e o dos
programas humorísticos atuais? Dê exemplos e comente.
4. Por que Sócrates foi vítima de preconceito?
5. Como os críticos de Sócrates o retratavam?
6. Qual a diferença entre os pensamentos de Sócrates e dos Sofistas?

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